sexta-feira, 22 de agosto de 2014

A dois


Era o quarto mais capenga de hotel que eu já vira. Afinal, naquela cidade, “motéis” possuíam nomes de hotéis e motéis, denotativamente, nem queiram saber... Nem banheiro encontramos ali, minhas mãos sujas por seus últimos vestígios...
Primeiro, foi aquela sensação estranha de frio na barriga enquanto subíamos os degraus no escuro. O caminho? Ah, o caminho... Foi bem dito pela recepcionista indiscreta ao nos receber no portão: “Pretende ficar mais de uma hora, doutor?” - Doutor? - Porque as pessoas têm a mania de chamar todo mundo de doutor? Não é apenas quem tem doutorado?! E ele? Não tinha, não.
A cama no centro, com lençóis brancos manchados e duas toalhas em sacos plásticos grampeados. Na cabeceira da cama um quadro em pintura abstrata e ao lado um jarro de flores campestres o que dava ao ambiente um ar de outono, em nossos pés, já deitados, uma TV da qual não fizemos uso. Ele parecia um pouco nervoso, mexia sem parar um rádio velho sintonizando em alguma estação que eu não conhecia, puxei-o voluntariamente em um abraço e o passado teimou em persistir na minha mente. Faminto pela fome da qual jamais provou da qual queira Deus, nunca prove!


Eu sempre tive fetiche pela noite daquela cidade. Mas, naquela noite, tudo corria de forma tão natural que a facilidade com que o corpo dela se permitia ao toque, de alguma forma, deixou-me nervoso. Mesmo depois de tudo que já tínhamos vivido juntos, eu não conhecia aquela mulher (até ontem, não conseguia vê-la como mulher; era a minha pequena). Ela me olhou como quem diz: “Me pega, vai! Mas me pega com vontade!”. Puxou-me pelo braço de tal forma que minhas mãos naturalmente caíram sobre o seu seio. Minhas mãos pareciam saber bem mais o que fazer do que eu; tomaram a iniciativa por mim. Sempre gostei de tocar o rosto dela antes de beijá-la. E foi pela boca que eu comecei.


Suas mãos me tocaram delicadamente, da boca, pescoço, seios e detiveram-se por lá, eu já embriagada, por sua presença fui sucumbindo ao desejo. Eu não conhecia aquele “doutor” mesmo depois de ter estado uma única vez entre sua família e ele, algumas noites na minha, de ter beijado e sentido os seus cuidados, de ter dançado aquele tango improvisado na varanda, eu não conhecia aquele, aquele suado e despido jaleco eu não conhecia, até ali.


Tive vontade de passar dias sentindo o gosto do cheiro de seu sexo. O sentimento era o da mais completa posse: um corpo movendo-se à revelia da minha regência, minhas mãos umedecidas dela mesma a procurar seios em todos os lugares, tudo isso enquanto minha língua procurava arqueologicamente encontrar aquele gemido baixinho que contrastava com a força de suas unhas fincadas na minha nuca. No auge do transe, senti um solavanco que me tirara o mel da boca. Nessa hora, ouvi os carros, sirenes, música longe, os sons que alimentavam o meu fetiche por aquelas noites. Senti que eu tinha que entrar. E subi como quem escala com medo de cair, mas motivado pela satisfação que se encontra no cume. Senti os poucos pelos dela eriçados quando beijei seu umbigo, minha barba levemente raspando em seu ventre. Continuei. Beijando, mordendo, subindo. Parei alguns segundos em seus seios e subi. Nos três séculos de segundos que separaram o caminho entre seios e boca, entrei como se estivesse respondendo ao desafio do “Me pega, vai! Mas me pega com vontade!”. Aquele grito foi a permissão para que eu conhecesse de vez aquilo que eu não conhecia, até ali.


Fomos um só, de uma só vez. Gulosos em Boa Viagem. E isso foi tudo.


Gabryelle Leal e Dezwith Barros

quarta-feira, 20 de março de 2013


Havia em torno de nós e dentro de nós alguma coisa da qual não me é possível entender, coisa pesada, uma sensação de sufocamento e, sobretudo, aquela terrível solidão que alguns experimentam quando estão rodeados de amigos e mesmo assim estão sós.
Os móveis da sala, a mesa posta, os copos em que bebíamos, tudo em seu lugar exceto ele que há pouco saiu de cabeça baixa. Fatigado pela minha presença, acredito. Eu não tive coragem. Assumi mais uma vez que fracassei, que não fui cuidadosa com a gente? Que a vida por mais que eu tente me impõe escolhas. Não sei o que aconteceu.
Alguém espia pela janela, olha pra mim, lá, só nós dois, mas não me vê. Tomaram uma, duas, três... “A nós!”, ele disse. E eu ali esperando, mas não me oferecem nenhum gole. Quando eu pus as mãos, ele recolheu com violência, com raiva, eu acho, de quê? Estavam todos ali. Lambeu a última gota em seus lábios.
Tocá-lo? Já não causa o mesmo efeito. Não sei o que aconteceu. Adormeci sentada, num canto escuro, com um cheiro forte de suor. Não era meu. Não passavam das 2 horas da madrugada. Busquei, em silêncio, uma caixa vazia de lembranças, nada achei .
Na sala, algumas velas ainda acesas, meus sentidos mais vivos, mas as faculdades do pensamento um pouco adormecidas. Perdi. Perdi tudo aquilo. Perdemos tudo aquilo que chamamos de "nós". Eu fui esquecendo, sabe... Foi tudo rápido demais, intenso demais, forte demais.
E, tremendo um instante entre as cortinas do quarto, me mostrou afinal sobre a superfície da mesa. Mas a sombra era escura, vaga, informe, não era sombra de ninguém que eu conhecia, mas eu fui me lembrando, sabe... O cheiro de suor era tão grande, estava escuro, árvores altas, um corpo sobre o meu, minhas roupas em pedaços e depois nada. Eu fui esquecendo, sabe... primeiro os momentos, depois os sentimentos e, por fim, a vida.
Eu simplesmente esqueci que a morte consumiu, primeiro meus dedos, que costumavam tocá-lo a face antes de dormir, depois meus olhos, que choravam todas as vezes que ele não tinha certeza e, logo após a boca, já cheia de areia. Não tem luz, nem ninguém me chama. Eu não sei mais por onde voltar, os caminhos marcados com doces, alguém comeu. E depois, se foi.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Ata em três Atos


  1. André achou que eu não existia...

Durante uma aula de Tópicos Especiais em Literatura que nada tinha de teoria literária, que pouco continha de alunos, que não possuía tempo determinado; o professor Sérgio sugere que os “gatos pingados” da turma conhecessem os novos e os velhos autores paraibanos, entre eles: Antônio Mariano, Leo Barbosa, Rinaldo de Fernandes, Astier Basílio... A empolgação da turma foi agradável até que foi solicitado um relatório semanal da produção dos escritores. Detalhe: eles não estão no Wikipédia.  Num desses dias, sem a mínima criatividade, devolvi meu relatório com um poema:

O que me amedronta
não é o desvario que é içado
por minhas fantasias,
mas, a incompletude
das inconstâncias.

Apavora-me a confiança inerte
que alimenta de fastio
o dia seguinte,
por conta do arrebatador que se ausenta
no tempo perdido.

Não temo a vida
E o seu montante bravio.
Mas, o cuidado desmedido
com a miudeza que permite
a sentença negada.

Não me intimida o delírio
que sugestiona a medida do insólito.
Insulso o trajeto delineado,
os passos seguros,
por caminhos alinhados.
Roubando as cores do prisma,
Dos minutos do dia...

Eu escolho o inusitado perigo das curvas,
Que no segundo seguinte,
Tudo muda.

Título: indelével.
No outro dia, o professor me chama:
Entre alguns comentários: “- Você conhece o clube do conto?”

  1. André achou que eu era mentira...

- Oi André, eu vi seu nome no blog do Clube e queria saber se sábado vai ter encontro, consegui seu número!
- Oi Gabriela, tudo bem? Vai sim, nos encontramos no Shopping Sul às 18h. Você vai!?
- Estarei lá!

Primeira tentativa: A chuva na cidade deixa milhares de desabrigados. Ônibus parados, impedindo cerca de mil mangabeirenses de sair de suas casas. Previsão de chuva em toda a região até passar a frente fria. Cuidado: possíveis granitos na região dos Bancários.

Segunda tentativa: -Como que eu vou aparecer lá?! – Oi, eu me chamo Gaby... Vocês são do clube do conto? É que eu vi um bocado de cadernos e canecas de café!!! Desculpe foi engano, parecia... Naquele dia, fizera a mais alta maré nos últimos 7 anos e 5 estrelas alinharam-se no céu. Soube dias depois, que o grupo havia se reunido às 17:30 e se dispersaram às 19:00 horas.

Terceira tentativa: Tive preguiça!

  1. Eu fui e André faltou.

Subi a rampa o mais rápido possível, já passavam das 17:45h, dei uma volta e nada... Passei os olhos pela praça de alimentação e lá estava um grupo: óculos, livros, folhas...Suspeitei, em princípio,  que eram aqueles a quem eu procurava. GEO, verifiquei na farda. Voltei para frente do banheiro e esperei qualquer um que tivesse em mãos um livro. Enfim, um senhor com folhas... Não era bem um livro, mas eu ia tentar. Questionei-o: - Oi, és do clube do conto? – O senhor respondeu: - Clube, que clube?! – entre sorrisos – somos um grupo anárquico. Encontrei! - Suspirei aliviada. Carlos Cartaxo era o seu nome. Aos poucos, outros sujeitos anárquicos surgiram, conheci: Sérgio, Jéssica, Norma e Romarta (fiquei com uma imensa curiosidade de saber se ela jogava bem futebol). Laudelino estava em Recife e achei que André não existia.
Foram lidos dois contos, o início de outro e um texto que não sabíamos se era fábula ou crônica mais que começava assim: “Sempre tive medo de vaca...” Apresentei-me e contei esta epopeia (agora, sem acento), fiquei encarregada de ajudar Vivi (que ainda não existia) com a correção do livro a ser publicado, outros se apresentaram... Discutimos os contos, rimos e ri de novo da mesma piada do Frei. Lembrei agorinha, ri novamente.
Tema do próximo sábado: Humor.
Foi aniversário de Norma dias passados, então, fomos ao Açaí e o assunto ficou mais sério: trabalho infantil, política, greve na UFPB e eu pensando como danado ia fazer essa ata. Até então, eu só havia feito ata de fiscalização e o tal do Nada consta. Pagamos a conta, subimos a rua e aos poucos, os poucos sumiram...

Clube do Conto.

domingo, 10 de junho de 2012

Agradecimentos



Listar nomes, entidades, pessoas, coisas, objetos, ou seja lá o que for, sempre é injustiça com alguém. Todo sentimento de gratidão se inicia pelo tradicional, que se torna trivial a partir do momento que o temos por obrigação. Há sempre o “agradeço a Deus, a painho, mainha... parentes e ‘aderentes’”, mas, ao final de cada etapa, mais novas coisas eram vistas e sentidas a cada curva, estas foram sinuosas, perigosas, que traziam aflição e tão logo nos aliviava. Nessas curvas houve muitos monstros – interiores e exteriores – que tiveram de ser enfrentados. Em uma tão árdua caminhada fomos regidos por forças que nos levaram a lugares nunca d’antes navegados, mas para que sejas nosso “oh mar!”, tivemos que passar além da dor e do desafio dos monstros que nos espreitavam.
O primeiro dos monstros talvez tenha sido o: “Você vai ser professora?!”, que tantos disseram e tanto me assustou e me fez refletir: “Sim, vou ser!”. Foi só a primeira e primeira pequena vitória, tecida dentro de mim, quase me senti uma gladiadora. Houve o medo do: “Vou ser competente?!”, tão poderoso quanto o anterior, e tão mais comum. Este foi vencido também internamente, quando me armei do: “Vou dar o meu melhor!” Vencidas essas e outras incipientes batalhas prossegui, vislumbrava ao longe mais algumas feras, reais ou apenas pintadas, uma delas era: “Os professores medusiáticos” que quase conseguiram me desfalecer e me fazer estátua. Também vencidos com minhas artimanhas de espelhos, só para exemplificar uma batalha externa. Então se percebe que agradeço a todos que me atrapalharam e tornaram meu sonho em meu desafio.
Não intento com isso deixar de lado o tradicional, voltemos ao clichê: sou grata aos que me ajudaram, aos que foram só platéia e aos que foram essenciais. A Deus pelo suporte de misericórdia renovado a cada manhã, aos pais pela geração intra e extra útero, aos irmãos pela presença, aos amigos sempre presentes, constantes ou não, aos professores-motivação, aos professores-instigadores, aos professores-acadêmicos, e principalmente aos professores-educadores. Agradeço a todas as situações criadas ou predeterminadas, que me trouxeram até aqui.

Ayanne Mayelle e Aryostennes Ferreira

sábado, 2 de junho de 2012

Colibri no Cottage


Percebi que estava sendo observado. Ele estava lá, junto aos candelabros-de-ouro que ornamentavam o ambiente. Indiferente ao burburinho, à brusca rapidez nas passadas dos garçons e clientes. Parecia confuso, no entanto, concentrado. Espiava-me de forma natural, sutilmente. Já havia perdido o foco na leitura, sentindo-me intimidado, mudei de cadeira. Ele não hesitou e fez o mesmo, acompanhou minha atitude e mudou de lugar. Desta vez introduziu-se entre os camarões vermelhos. Não sabia o que queria comigo, nem poderia falar com ele, com certeza o assustaria.

Havia seis janelas laterais que se estendiam do piso ao teto. Eram intercaladas por paredes de eucalipto, aliás, todo o Cottage Café fora construído com madeira de eucalipto, o ambiente era rústico; porém aconchegante, alegre. As janelas eram voltadas para um jardim repleto de brincos-de-princesa,camarões-vermelhos, candelabros-de-ouro. Apesar de todas essas flores atraírem o pequeno colibri azul, ele se recusava a namorá-las, negava-lhes seus doces beijos. Preferia observar-me, esquecia-se de extrair o doce néctar de suas amadas.

Pedi a moça mais um cappuccino. Tentei continuar a leitura. Foi inútil. Seus minúsculos olhos fitavam-me incansavelmente, intimavam-me a contemplar sua beleza. Era admirável. Sua estrutura era dotada de uma harmonia singular, seus tons de azul fariam inveja a mais bela turmalina. Fiquei surpreso ao constatar que ele se aproximava da janela em frente à minha mesa. Em um rápido compasso bailava no ar, de um lado a outro da janela parecia pedir-me para entrar. Fiquei um bom tempo observando-o e pensando no que eu faria. Não resisti, mesmo com receio, empurrei a janela deixando-a entreaberta.Sentei novamente.

Durante alguns instantes titubeou, mas logo entendeu meu gesto. Entrou, sobrevoou minha mesa e pousou nela. Olhou-me mais ainda, encarou-me de tal forma que parecia querer extrair de mim uma confissão, fazer-me revelar algum segredo. Seus negros e pequeninos olhos estavam estáticos. Fiquei extasiado ao vê-lo de perto. Aquela perfeita criatura era mais que um simples animal, tinha personalidade. Não parávamos de nos olhar um nos olhos do outro. Foi um momento único. Parados, admirávamos a vida refletida nos olhares que se cruzavam. A liberdade, a naturalidade, a simplicidade, a leveza, a singularidade, a ânsia pela vida, expressos no olhar do colibri. Em contrapartida, a vida que mais parece uma prisão, a pluralidade existencialista, a monotonia, as aparências, o fétido orgulho do meu ser, o tempo que castiga a existência inerte, características de uma vida marcadas em meu olhar.

Após me fazer ver isso, me deixou. Bateu suas graciosas asas, abandonou-me. Naquela noite vi mais que um lindo colibri. Vi a vida como deveria ser, vi a vida simples, natural, que esqueci de viver. Vi a mim mesmo nos olhos do colibri, uma imagem deturpada, corroída, construída pelo tempo, pela sociedade, pela selvageria racional dos homens. Levantei, cancelei o café, paguei a conta. Retirei-me do ambiente que acabara de me proporcionar uma magnífica experiência. Lá fora vi pela última vez o colibri azul. Acenei, agradeci. Fomos embora.

Ismael Fernandes

sábado, 26 de maio de 2012

4


Éramos quatro...
Uma se foi, montou na garupa de um motoqueiro que a fazia bem.
Outra, tonou-se dois, repartiu-se, casou...
A terceira seguiu, meteu o pé  e disse que aguentava.
E eu, nesta vida desgarrada,
seguindo amando...
com minhas promessas
desfeitas.

domingo, 30 de outubro de 2011

Cantilena: Conto único


Aviso previamente, ao caro leitor, que este não é um texto de glorificação ao poeta, professor e amigo, Sérgio de Castro Pinto, por mais que o título assim negue, mas, revelo todas as inquietações e sensações que o seu texto causou-me ao ponto de, desta vez, divulgar aos poucos interessados a grandeza deste conto único. Primeiro, porque foi precisamente o “único” conto que deveras o autor escreveu ou pelo menos que publicou, em seu leque mais que repleto de poemas, e em segundo, “único” por todas as razões a seguir.
Por mais que a proposta de um livro romântico seja aquele “final feliz”, Cantilena expressa bem mais que isto, algo inesperado pelos ideais tão fortes e precisos de um personagem que quer por a bunda numa motocicleta e sair por aí, refletir sua imagem no Sena, mas ao mesmo tempo vê-se atado num espelho oval “descascado como um ovo” de promessas feitas.
Dá-se início a história, uma carta, e com ela o gosto dos caramelos preparados pela personagem que o remetente se deliciava antigamente, revelando o cuidado do autor com a escolha das palavras, criando imagens, muitas vezes próximas de nós, metáforas e dizeres de um tempo que passou. O personagem, sem nome como tantos outros, descreve as cenas de um futuro incerto, porém, bastante previsível das condições domésticas. Entretanto, destino que, consequentemente, aniquilaria seus sonhos. Vejamos uma destas belas imagens:

“Iria ao banheiro, abriria as torneiras, e delas viriam as águas do Sena, do porto, tudo acontecendo num ouriçado pacifismo domiciliar [...]”

As únicas lamentações em desfazer aquele noivado foi pelas tias da remetente que preparavam e agora destrinchavam o enxoval, na inquietude de explicar aos vizinhos e contar a família. O escritor descreve-as como “Penélopes ao inverso” e os fios desfeitos eram as linhas que o libertava.
No fim das contas, a mesma força que move as vontades do personagem talvez fosse nada mais que o desejo do autor em saborear, novamente, aqueles deliciosos caramelos: “quatro de limão, dois de caju, dois de uísque, um recheada de passas e outro de ameixa.” Mas, as águas do Sena ficaram tão distantes que hoje tal como Lampião, usa óculos.
O conto é maravilhoso, a história é inquietante, entretanto, deixarei com o leitor a tarefa de significá-lo, pois como diz Lúcia em Lucíola, romance de José de Alencar: “Lê-se não por hábito e distração, mas pela influência de uma simpatia moral que nos faz procurar um confidente de nossos sentimentos, até nas páginas mudas de um escritor...”