domingo, 24 de janeiro de 2010

Nosso Chá das Qu4tro



Queridas,


Há muito não as vejo e já não sei o que se passa. Os dias no campo são tranquilos e as férias de verão deixaram-me absorta em meus romances que já se tornaram desculpa para aquietar este coração ansioso. Mas, a cada página lida meus desejos clamam pelas presenças de minhas doces companheiras.

Minhas tardes são preenchidas com Valete em longos passeios e terminam com a leitura de um livro sentada, no balanço, da velha casa abandonada da família Quilson. Algumas noites jantares são oferecidos à novidade desta pequena cidade. Imaginem todas as minhas forças, para agradar meu avô, na presença de tantos olhares ambiciosos?

Não sei se o melhor seria voltar...Por mais que tanto deseje vê-las. Entretanto, a corte não parece-me o lugar ideal, agora. Preciso estar um pouco mais aqui, longe de tudo, longe de todo o ano que passou. Vocês precisam ver o amanhecer entre estas montanhas é tão belo e inunda-me de vida a cada instante.

Troquei os chapéus pelos cabelos soltos e um pouco mais curtos que foram censurados, em princípio, pelo meu avô que depois se desmanchou em um largo sorriso e falou-me:

"- Menina tola... Perdeu teus cachos!"

Sentirei falta de sua gargalhada virtuosa, mas muitos dias ainda chegarão. Tanto para realizar, tanto a contar-lhes de sonhos, o quanto diferente me encontro e o que aprendi no silêncio. Em alguns meses nos veremos e retomaremos o nosso Chá das Qa4tro... Escureceu um pouco e nem passa das cinco... Acho que se aproxima uma chuva de verão.

Preciso levar Valete ao estábulo...

Abraço-lhes com toda a minha força,

Aurélia.