- André achou que eu
não existia...
Durante uma aula de Tópicos Especiais em
Literatura que nada tinha de teoria literária, que pouco continha de alunos,
que não possuía tempo determinado; o professor Sérgio sugere que os “gatos
pingados” da turma conhecessem os novos e os velhos autores paraibanos, entre
eles: Antônio Mariano, Leo Barbosa, Rinaldo de Fernandes, Astier Basílio... A
empolgação da turma foi agradável até que foi solicitado um relatório semanal
da produção dos escritores. Detalhe: eles não estão no Wikipédia. Num desses dias, sem a mínima criatividade,
devolvi meu relatório com um poema:
O que me amedronta
não é o desvario que é içado
por minhas fantasias,
mas, a incompletude
das inconstâncias.
Apavora-me a confiança inerte
que alimenta de fastio
o dia seguinte,
por conta do arrebatador que se ausenta
no tempo perdido.
Não temo a vida
E o seu montante bravio.
Mas, o cuidado desmedido
com a miudeza que permite
a sentença negada.
Não me intimida o delírio
que sugestiona a medida do insólito.
Insulso o trajeto delineado,
os passos seguros,
por caminhos alinhados.
Roubando as cores do prisma,
Dos minutos do dia...
Eu escolho o inusitado perigo das curvas,
Que no segundo seguinte,
Tudo muda.
Título:
indelével.
No
outro dia, o professor me chama:
Entre
alguns comentários: “- Você conhece o clube do conto?”
- André achou que eu era mentira...
- Oi
André, eu vi seu nome no blog do Clube e queria saber se sábado vai ter
encontro, consegui seu número!
- Oi
Gabriela, tudo bem? Vai sim, nos encontramos no Shopping Sul às 18h. Você vai!?
- Estarei
lá!
Primeira
tentativa: A chuva na cidade deixa milhares de desabrigados. Ônibus parados,
impedindo cerca de mil mangabeirenses de sair de suas casas. Previsão de chuva
em toda a região até passar a frente fria. Cuidado: possíveis granitos na
região dos Bancários.
Segunda
tentativa: -Como que eu vou aparecer lá?!
– Oi, eu me chamo Gaby... Vocês são do clube do conto? É que eu vi um bocado de
cadernos e canecas de café!!! Desculpe foi engano, parecia... Naquele dia,
fizera a mais alta maré nos últimos 7 anos e 5 estrelas alinharam-se no céu.
Soube dias depois, que o grupo havia se reunido às 17:30 e se dispersaram às
19:00 horas.
Terceira
tentativa: Tive preguiça!
- Eu fui e André
faltou.
Subi a rampa o mais rápido possível, já
passavam das 17:45h, dei uma volta e nada... Passei os olhos pela praça de
alimentação e lá estava um grupo: óculos, livros, folhas...Suspeitei, em
princípio, que eram aqueles a quem eu
procurava. GEO, verifiquei na farda. Voltei para frente do banheiro e esperei
qualquer um que tivesse em mãos um livro. Enfim, um senhor com folhas... Não
era bem um livro, mas eu ia tentar. Questionei-o: - Oi, és do clube do conto? –
O senhor respondeu: - Clube, que clube?! – entre sorrisos – somos um grupo
anárquico. Encontrei! - Suspirei aliviada. Carlos Cartaxo era o seu nome. Aos
poucos, outros sujeitos anárquicos surgiram, conheci: Sérgio, Jéssica, Norma e
Romarta (fiquei com uma imensa curiosidade de saber se ela jogava bem futebol).
Laudelino estava em Recife e achei que André não existia.
Foram lidos dois contos, o início de outro e um
texto que não sabíamos se era fábula ou crônica mais que começava assim:
“Sempre tive medo de vaca...” Apresentei-me e contei esta epopeia (agora, sem
acento), fiquei encarregada de ajudar Vivi (que ainda não existia) com a
correção do livro a ser publicado, outros se apresentaram... Discutimos os
contos, rimos e ri de novo da mesma piada do Frei. Lembrei agorinha, ri
novamente.
Tema do próximo sábado: Humor.
Foi aniversário de Norma dias passados, então,
fomos ao Açaí e o assunto ficou mais sério: trabalho infantil, política, greve
na UFPB e eu pensando como danado ia fazer essa ata. Até então, eu só havia
feito ata de fiscalização e o tal do Nada
consta. Pagamos a conta, subimos a rua e aos poucos, os poucos sumiram...
Clube do Conto.
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