sábado, 19 de setembro de 2009

Poeta insano

Insano!
Não enganarás a ti próprio? Não estarás tu demente?
Talvez buscas algumas horas felizes, horas que não me pertencem...
Pois, o tempo é efêmero. Estou bem e em um minuto posso não estar.
Estas foram as minhas palavras e não outras! Confundes um simples olhar?

Mente insana! Desejo ardente, consolação ao chorar...
Não é a tua hora de amar...

Sinto um nó na garganta, coração a papitar, todas as vezes que te vejo a clamar, por algo, que não posso te dar.
Perdoe-me cavalheiro, doce poeta, se atrasaste talvez, o arqueiro tomou o teu lugar.

Coração insano!Desejo ardente, consolação ao chorar
Não é a minha hora de amar...

Talvez em outro tempo ou em outro lugar. Não há nada o que eu possa fazer.
O tempo é efêmero. Passará! Esperar? Desejar?
Poeta insano! Arqueiro presente!
Sinto por ti. Tempo efêmero. Passará!
O que me resta? Desejar? Esperar?
Apenas, me afastar.

Diva

"Há meninas que se fazem mulheres como as rosas: passam de botão a flor: desabrocham. Outras saem das faixas como os colibris da gema: enquanto não emplumam são monstrinhos; depois tornam-se maravilhas ou primores...
Era Emília um colibri implume; por conseguinte um monstrinho."

(Diva, José de Alencar)

A viuvinha

"Depois, com as mãos entrelaçadas, iam ambos sentar-se a um canto do jardim, onde a sombra era mais espessa, e aí conversavam baixinho um tempo esquecidos; ouvia-se apenas o doce murmúrio das vozes, interrompidas por esses momentos de silêncio em que a alma emudece, por não achar no vocábulo humano outra linguagem que melhor a exprima.
A rulhar destes dois corações virgens durava até oito horas da noite, quando uma senhora de certa idade chegava a uma das janelas da casa, já tão iluminada, e, debruçando-se um pouco, dizia com a voz doce e afável:
- Olha o sereno, Carolina!"

(A viuvinha, José de Alencar)

Lucíola

"Lucíola é lampiro noturno que brilha de uma luz tão viva no seio da treva e à beira dos charcos. Não será imagem verdadeira da mulher que no abismo da perdição conserva a pureza d'alma?
Deixem que raivem os moralistas.
A sua história não tem pretensões a vestal. É musa cristã: vai trilhando o pó com os olhos no céu. Podem as urzes do caminho dilacerar-lhe a roupagem: veste-a a virtude."

(Lucíola, José de Alencar)

Senhora

"Há efetivamente um heroísmo de virtude na altivez dessa mulher, que resiste a todas as seduções, aos impulsos da própria paixão, como ao arrebatamente dos sentidos."

(Senhora, José de Alencar)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Bem vindos...


"Quando ele convencer-me de seu amor e arrancar do meu coração a última raiz dessa dúvida atroz, que o dilacera; quando nele encontrar-te a ti, o meu ideal, o soberano do meu amor; quando tu e ele fores um, e que eu não vos possa distinguir nem no meu afeto, nem nas minhas recordações; nesse dia, eu lhe pertenço...Não, que já lhe pertenço agora e sempre, desde que o amei!... Nesse dia tomará posse de minha alma, e a fará sua!"

(Senhora, José de Alencar)